sábado, 28 de setembro de 2013

"Estado para que e para quem?"

Esta foi a temática da 5ª. Semana Social Brasileira em Santa Catarina, de 06 à 08 de setembro deste ano, na localidade de Taquaruçu, município de Fraiburgo no meio oeste catarinense, uma realização da CNBB por meio das dioceses e movimentos sociais, a qual contou com duas representantes do Centro de Referência em Direitos Humanos, Carla (coordenadora) e Lisete (estagiária de Serviço Social). A 5ª. Semana Social teve o objetivo de aprofundar a articulação da igreja com os Movimentos Sociais.


A escolha de Taquaruçu não foi por acaso, e sim porque é um dos lugares onde a luta do Contestado ocorreu e foi parte da celebração dos 100 anos. Taquaruçu foi a primeira cidade-santa dos caboclos em 1913. Localidade da 1ª Romaria da Terra. 

Em Taquaruçu a voz dos jovens ecoou de indignação diante da violação de direitos humanos onde foi questionado o papel do Estado para que e para quem. A juventude mostrando a esperança do povo, disponibilidades, resistências e fé na construção de um estado democrático, defensor dos direitos humanos, culturais e ambientais e promotor do Bem Viver, foi vivenciada pelas pastorais, movimentos sociais e comunidade.

Percebeu-se que em Taquaruçu, comunidade de assentados de um povo viveu e vive resgatando a histórica da guerra do Contestado, e ainda resistem a exploração, lutando e buscando juntos, índios, caboclos pelo mesmo objetivo: sua “Terra” e assim efetivação dos direitos garantidos na Constituição Federal de 1988.

Na abertura dos trabalhos foi apresentado um breve histórico da Guerra do Contestado.

“A Guerra do Contestado foi um conflito armado entre a população cabocla e os representantes do poder estadual e federal brasileiro nos anos 1912 a 1916, região rica em erva-mate e madeira. O conflito tem em sua origem a luta pelas terras que eram habitadas por indígenas, a ferrovia e luta entre os Estados do Paraná, Santa Catarina e também Argentina, que lutavam pelas terras.”

Na 5ª SSB “O Estado para que? E para quem?”, estavam homens, mulheres, alguns idosos fazendo memória, jovens e crianças preservando a história e lutando por justiça, falando a mesma língua. Falando na cultura do bem viver, das lutas do povo em Santa Catarina com apresentações culturais e as tendas temáticas que foram realizadas no sábado os romeiros participaram das oficinas que nortearam as discussões dos temas como: 

Estado e Juventude; Estado, Contestado e Dívidas Sociais; Estado e Etnias/Comunidades Tradicionais; Estado Bíblia e as Religiões; Estado e questões de Gênero; Estado e Segurança Alimentar; Estado e Educação; Estado e Segurança Alimentar; Estado e Justiça; Estado e Meio Ambiente; Estado e governo/Poderes; Estado Comunicações/Mídias; Estado e Economia; Estado e Movimentos Sociais; Estado e Questões Urbanas. 

No encerramento do evento houve a troca de experiências e nas quinze oficinas temáticas as bandeiras levantadas foram: reforma agrária, reforma política, efetivação do Conselho da Juventude, alimentação adequada em nossas escolas com o fim do carboidrato; criação e fortalecimento dos fóruns populares na promoção de políticas de monitoramento nos bairros municípios e regiões; minimizar o agravamento da degradação ambiental que ameaça o povo indígena e o reconhecimento da divida do Estado na guerra do Contestado.

O Encontro foi a esperança de um projeto para a nação, com base nos princípios da convivência, da solidariedade, do respeito, da partilha e do cuidado. Foi assumido o COMPROMISSO no processo de construção do “Estado que queremos”, novos sujeitos políticos no processo de construção da sociedade e do Estado do Bem Viver, conviver, pertencer e ser, fundamentados na solidariedade, fraternidade e a sustentabilidade para garantir vida plena às gerações presentes e futuras.

Texto de Lisete, estagiária de Serviço Social do CRDH - Joinville.

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